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Breve História do Marketing Político no Brasil

19/9/2023
21/11/2023
BREVE HISTÓRIA DO MARKETING POLÍTICO NO BRASIL

Djan Moreno

O marketing político é uma prática que tem raízes antigas, desde os tempos da Grécia e Roma antigas, onde os líderes políticos usavam oratória e persuasão para conquistar eleitores. Hoje, o marketing político é uma ferramenta essencial em campanhas eleitorais em todo o mundo, moldando a forma como os candidatos se apresentam e se conectam com os eleitores. Vamos explorar brevemente a história do marketing político no Brasil e no mundo, desde suas origens até as tendências atuais.

CONCEITO

O Marketing Político é um termo originalmente usado pelos profissionais norte-americanos para definir as estratégias de comunicação política. O conceito de marketing está ligado ao surgimento da ideia de "mercado" (market, em inglês). Assim, o Marketing Político é um conceito amplo e abrangente que engloba outros termos, como marketing eleitoral, propaganda política, propaganda eleitoral, publicidade política, publicidade eleitoral, propaganda ideológica, opinião pública e imagem pública. O Marketing Político, em sua essência, busca harmonizar e integrar esses conceitos.

No contexto político, o desenvolvimento e a implementação do marketing têm como objetivo minimizar as fraquezas de um candidato ou figura política e maximizar seus pontos fortes. Isso ocorre, hoje, por meio da aplicação de técnicas e estratégias de marketing, respaldadas por uma avaliação criteriosa de diversos índices e dados, obtidos através de pesquisas e levantamentos.

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O “MARKETING POLÍTICO” NA ANTIGUIDADE

O marketing político na antiguidade não se assemelhava ao que vemos hoje. O termo em si, é contemporâneo, mas algumas estratégias de comunicação política são empregadas “desde sempre”. 

Retórica: Na Grécia Antiga, a retórica desempenhava um papel crucial na persuasão política. Oradores habilidosos, como Demóstenes e Pericles, usavam discursos eloquentes para influenciar as decisões da assembleia popular de Atenas.

Símbolos e Insígnias: Líderes políticos na Roma Antiga frequentemente usavam símbolos, insígnias e estandartes para identificar suas facções e alianças políticas. Isso ajudava a distinguir as diferentes facções em um ambiente político complexo.

Patrocínio de Eventos Públicos: Políticos romanos patrocinavam eventos públicos, como jogos e festivais, para ganhar o apoio popular. Esses eventos eram uma oportunidade para mostrar generosidade e carisma.

Escrita e Comunicação Visual: A escrita era uma ferramenta poderosa. Mensagens políticas eram inscritas em monumentos e edifícios públicos para lembrar os cidadãos das realizações de seus líderes.

Boca a Boca: A comunicação boca a boca desempenhava um papel importante na disseminação de informações políticas. As pessoas compartilhavam notícias e opiniões sobre líderes políticos e eventos políticos em suas comunidades.

Alianças Políticas e Casamentos Dinásticos: Em muitos períodos da antiguidade, as alianças políticas eram formadas por meio de casamentos dinásticos entre famílias influentes, consolidando o poder e a estabilidade política.

Templos Religiosos: Templos religiosos também eram usados para promover líderes políticos, associando-os aos deuses e à moralidade. Isso reforçava a legitimidade de seus governos.

Arte e Estátuas: A arte e a escultura eram usadas para criar retratos de líderes políticos, celebrando suas realizações e virtudes.

É importante notar que, embora as estratégias fossem diferentes daquelas usadas hoje em dia, o objetivo geral do que podemos chamar de “marketing político na antiguidade” era influenciar a opinião pública, ganhar apoio e consolidar o poder. Essas estratégias, embora mais simples, eram eficazes na construção de identidades políticas e na manutenção do governo. De alguma forma essas mesmas estratégias ainda são presentes na política, porém com uma roupagem atual.

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O “MARKETING POLÍTICO” NAS GUERRAS MUNDIAIS 

Durante as Guerras Mundiais, a comunicação desempenhou papel crucial na persuasão de nações e na construção de alianças. A propaganda, a retórica persuasiva e a disseminação de informações estratégicas foram empregadas para influenciar a opinião pública internacional e garantir o apoio necessário às potências envolvidas nos conflitos. Apesar de o termo “marketing político” ser relativamente novo, com sua utilização mais forte já no final do século XX, sua prática tem raízes profundas na história da política.

MARKETING POLÍTICO NO BRASIL

A participação política durante os períodos conhecidos como Brasil Colônia e Brasil Império era limitada e controlada por uma elite, e as estratégias de comunicação eram bastante diferentes das que vemos nas campanhas políticas modernas. 

Império

Durante o Império, a imprensa desempenhou um papel crescente na política. Jornais e panfletos eram usados para divulgar opiniões políticas e promover líderes. No entanto, a circulação de informações era restrita.

O sistema político evoluiu consideravelmente ao longo do tempo, tornando-se mais inclusivo e orientado para a opinião pública no período pós-República.

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República Velha

Até os anos de 1930, na República Velha, o coronelismo era predominante na política brasileira. Grandes proprietários rurais, conhecidos como "coronéis", exerciam controle sobre vastas áreas do país, incluindo a influência sobre eleitores locais. Isso resultava em eleições controladas e pouco democráticas. Jornais e revistas desempenhavam um papel importante na política. Muitos políticos tinham seus próprios veículos de comunicação e usavam a imprensa para promover suas ideias e interesses.

Getúlio Vargas e o Marketing Político

No caso de Getúlio Vargas, é importante ressaltar que ele foi um dos líderes políticos mais influentes da história do Brasil. Durante seus períodos como presidente (1930-1945 e 1951-1954), Vargas utilizou estratégias de marketing político que iam além da simples comunicação. Ele se destacou por promover uma imagem carismática, associada a uma agenda populista, e sua habilidade de conquistar apoio massivo através de alianças políticas e apelo direto às classes trabalhadoras. Vargas foi pioneiro em adotar políticas que tinham como objetivo direto a conquista do eleitorado e a estabilização de seu governo, alinhando-se com o principal objetivo do marketing político.

Era da TV

A década de 1960 marcou a expansão da televisão no Brasil. Isso revolucionou a comunicação política, já que os candidatos passaram a ter acesso a um meio de comunicação massiva. As campanhas começaram a incluir jingles marcantes e propagandas de TV criativas para promover candidatos e partidos. Isso permitiu uma maior visibilidade e reconhecimento dos políticos. Discursos eloquentes e propagandas tinham o intuito de impressionar e “grudar” na mente do eleitor

No Regime militar (1964-1985), a propaganda política foi altamente controlada pelo governo e tinha uma ênfase na promoção do regime. Com a redemocratização na década de 1980, as eleições tornaram-se mais competitivas e as restrições à propaganda política foram reduzidas. O marketing político começou a desempenhar um papel mais importante na comunicação política.

Profissionalização das Campanhas: As campanhas eleitorais se tornaram mais profissionais, com a contratação de consultores políticos, publicitários e especialistas em marketing. O uso de pesquisas de opinião se tornou comum para entender o eleitorado. O termo “marketing político” entra definitivamente em voga. 

Nos anos 1990, com o crescimento da mídia, incluindo a expansão das emissoras de televisão e a chegada da internet, as campanhas políticas passaram a utilizar uma variedade de plataformas para alcançar eleitores.

Século XXI - Era Digital:

As mídias sociais e a internet revolucionaram o marketing político em todo o mundo e no Brasil não seria diferente. Os políticos, sobretudo nos momentos em que são candidatos, passaram a usar estratégias digitais, como anúncios segmentados, redes sociais e engajamento online para alcançar eleitores. Se antes, não havia um planejamento - agora, este se torna uma obrigação.

As eleições presidenciais, em particular, se tornaram altamente digitais, com candidatos investindo em presença on-line, transmissões ao vivo e estratégias de engajamento nas redes sociais. Nas campanhas estaduais e municipais das grandes cidades, as novas estratégias também passam a ser utilizadas. 

Neste caso, construir reputação e adaptar o discurso à realidade local se tornou crucial. Os discursos empolgantes, “jingles chicletes” e panfletos de “vote em mim”, já não são suficientes, afinal representam mais do mesmo. O excesso de informação e as redes sociais mudaram o cenário.

O país passou a contar com leis mais rigorosas que regulamentam o financiamento de campanhas e a propaganda política, visando aumentar a transparência e a equidade nas eleições. A partir de 2015, o crowdfunding político, onde os candidatos buscam financiamento direto de apoiadores,se tornou uma tendência nas campanhas eleitorais.

O próprio eleitorado mudou. O nível de escolaridade, o acesso à informação e o interesse da sociedade pelos temas governamentais e políticos, tudo isso fez do marketing político um pilar essencial na arena política. 

Em um cenário altamente competitivo e complexo, a formação de profissionais altamente qualificados no campo do marketing político passou a ser fundamental. Esses especialistas são capazes de navegar nas nuances das campanhas políticas modernas, compreendendo as tendências, desenvolvendo estratégias de comunicação eficazes e garantindo que os candidatos e partidos se conectem de forma autêntica e significativa com o eleitorado. 

A demanda por profissionais qualificados no marketing político reflete a necessidade de adaptar-se às mudanças tecnológicas e culturais, bem como de manter a integridade e a eficácia na comunicação política em um mundo cada vez mais conectado e informado.

Um profissional de marketing político no Brasil desempenha hoje papel crucial na elaboração e execução de estratégias de comunicação política. Suas responsabilidades incluem a pesquisa de mercado, análise de dados, criação de mensagens e narrativas políticas, gerenciamento de campanhas publicitárias, uso de mídias sociais e outras plataformas digitais para alcançar o eleitorado, além de construir e manter a imagem pública de políticos e partidos. É esse profissional que busca compreender as necessidades e aspirações dos eleitores, adaptar mensagens para diferentes públicos e criar conexões autênticas entre o político e seus eleitores, contribuindo assim para o sucesso nas eleições e para a representatividade.